TEMAS PARA SEMINÁRIO - GUERRAS DE CANUDOS E CONTESTADO


TEMAS PARA SEMINÁRIO

GUERRA DE CANUDOS (1893-1897)

A população rural tem sido vítima da opressão de latifundiários há séculos. Nos primeiros anos do regime republicano, o nordeste brasileiro foi palco de um confronto violentíssimo. De um lado, aqueles sem acesso à terra, vivendo em condições precárias. Do outro, o Estado, aliado aos interesses das oligarquias, dos coronéis, dos mandos e desmandos. 

Os sertanejos, liderados por Antonio Conselheiro, além de lutarem por autonomia, lutavam também contra um modelo de catolicismo que lhes "fechava as portas do céu". Em verdade, o advento da República não havia trazido mudanças significativas para a maior parte da população. Cerca de 70% habitava o campo, era analfabeta, não possuía acesso a terra e, por não terem poder político e econômico, sujeitavam-se aos mandos e desmandos dos coronéis. Não tardou para que essa insurreição fosse tomada como uma afronta, uma traição ao governo republicano.

Num primeiro momento, as autoridades da Bahia tentaram reprimir o movimento. Os sertanejos, por conhecerem profundamente bem a terra, conseguiram rechaçar as forças do governo. Naturalmente, isso causou uma repercussão negativa na capital (Rio de Janeiro). Entenda: ao longo o século XIX e por décadas no século XX, autoridades intelectuais brasileiras, valendo-se do evolucionismo, do "darwinismo social" acreditavam e difundiam a idéia de que os sertanejos não passavam de "seres degenerados", "inferiores". Também não se pode negar a influência da religião na luta, logo, passaram a ser rotulados de "fanáticos". O governo encontrou todos os "argumentos" necessários para destruir a comunidade.
E assim foi feito...Uma expedição com cerca de 10.000 soldados fortemente armados, inclusive com artefatos importados, marchou a Belo Monte (Canudos).

O resultado dessa expedição foi um massacre, considerado, posteriormente, como um crime de guerra: a maior parte do Arraial de Belo Monte foi morta, sobrando alguns velhos, mulheres e crianças.


"Antonio Conselheiro insepulto"

Capa do filme "Canudos"

Ruínas de Canudos

Sertanejos


Sobreviventes de Canudos






A GUERRA DO CONTESTADO (1913 - 1916)


A Guerra do Contestado é considerada como um dos episódios mais violentos da História do Brasil. Mais de 5.000 pessoas foram mortas entre Dezembro de 1913 e Janeiro de 1916. O nome se deve ao fato de haver uma região, entre Paraná e santa Catarina "contestada", isto é, disputada por ambos Estados. 

Assim como observado no Nordeste, havia fortes tensões sociais no Sul. Posseiros e comunidades indígenas remanescentes perdiam suas terras face o avanço dos latifundiários. O quadro se agravou ainda mais quando a Brazil Railway Company, uma empresa estadunidense, foi contratada pelo governo brasileiro para construir um trecho da estrada de ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. Como forma de pagamento, foi cedida à empresa o equivalente a 15 km de cada lado da ferrovia. 

Como se já não tivesse espaço suficiente, a empresa criou a Lumber, em 1911, cujo objetivo era, teoricamente, colonizar a região com famílias européias. O que a Lumber realmente queria era explorar os recursos materiais da região e, para tanto, contrataram mercenários para intimidar e expulsar os habitantes das cercanias.
Esses moradores que perderam suas terras, sob a liderança do monge José Maria, formaram povoados na área de Santa Catarina, visada pelo Paraná. A imprensa do Paraná, aliada aos interesses dos fazendeiros, rotulou os habitantes do Contestado de "fanáticos religiosos" e "inimigos da República" - algo muito semelhante ao que se fez da população do Arraial de Belo Monte, Canudos. 

O governo do Paraná enviou forças militares ao Contestado. Durante a luta, o monge José Maria e o comandante das forças do governo morreram. Daí, surgiu o mito que o monge um dia retornaria à Terra para fazer valer as "leis celestes". A quantidade de integrantes cresceu, bem como as chamadas "vilas santas", habitadas por esses sertanejos da região do Contestado.


A luta se intensificou; a sede da empresa estadunidense foi incendiada. Como resposta, Hermes da Fonseca, presidente do Brasil neste período, enviou aproximadamente 6.000 soldados. Foram usados canhões, metralhadoras e aviões. Camponeses fuzilados, queimados, degolados, vilarejos arrasados. O lema "ordem e progresso", tão defendido pelo governo e pelo Exército, foi reescrito com sangue. 

Ao fim de toda essa brutalidade, Paraná e Santa Catarina assinaram um acordo, acertando os limites de ambos estados.















































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