Sobre Racismo e Suas Múltiplas Manifestações
- O que é Racismo?
- O que é Racismo Institucional?
- O que é Racismo Estrutural?
- O que é Branquitude?
- O que é Negritude?
- O que é o Black Power?
1. O que é racismo?
É um conjunto de práticas de uma
determinada raça/etnia que, estando em situação de favorecimento social, coloca
outra(s) raça(s) em situação desfavorável, enquanto exaltam, direta ou
indiretamente, a sua própria. Essas práticas podem ser conscientes ou não,
propositais ou não.
O racismo se manifesta de diversas formas: no plano individual, das relações
interpessoais; no plano institucional; no plano estrutural - que é onde se revela de forma ainda mais complexa.
2. O que é racismo institucional?
É quando a prática racista se
manifesta institucionalmente, seja na esfera pública ou privada. Isso faz com
que negros, indígenas e imigrantes “não-brancos” sejam preteridos em relação à
saúde, educação e, no tocante à segurança, tornem-se alvo (está em curso um
genocídio perpetrado contra a população negra e indígena) ou sejam
negligenciados.
3. O que é racismo estrutural?
Nesse ponto, é preciso que nós
entendamos o racismo como um fenômeno conjuntural, ou seja, algo que perpassa
todas as esferas de poder (públicas e/ou privadas); manifesta-se na política
enquanto forma ou a arte de melhor governar, manifesta-se em políticas
partidárias, manifesta-se em políticas econômicas, manifesta-se na produção
cultural.
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Percebe-se essa estrutura ao observar que o percentual de negros e "pardos" no Ensino Superior, apesar das políticas de Ações Afirmativas como as Cotas Raciais, ainda não passa de 11%.
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Percebe-se essa estrutura quando se constata que
jovens negros e de periferia constituem cerca de 77% dos homicídios
registrados.
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Percebe-se essa estrutura no processo de
encarceramento em massa, onde a maioria dos apenados são negros e pobres –
“negro e pobre” na mesma sentença, em termos históricos, soa como redundância.
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Percebe-se essa estrutura quando mulheres negras
são as maiores vítimas de violência obstétrica pois há um pensamento
naturalizado de que “são mais fortes”, “não necessitam de muita anestesia”;
quando são adolescentes negras e pobres, a violência é ainda maior.

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Violência Obstétrica |
Um ponto interessante em relação
ao racismo estrutural é a naturalização daquilo que não é "natural",
mas algo construído histórica e socialmente.
Nesses termos, branquitude é,
politicamente, algo "natural" e universal. Tudo aquilo que nega ou entra em choque com os
padrões estabelecidos pela branquitude torna-se "anormal",
"exótico" ou "perigoso", "nocivo", devendo, portanto, ser destruído.
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A vigilância e a repressão, sob a égide do Estado, tem cor e classe bem definidos. |
4. O que é Branquitude?
“A branquitude é
compreendida como um sistema de valores e comportamentos que toma o ser branco
como “o modelo universal de humanidade”, o representante de todas as pessoas.
Esses valores levam a uma espécie de “cegueira social”, fazendo com que grande
parte das pessoas brancas não consiga enxergar a dor das pessoas que enfrentam
discriminação étnico-racial. Tais valores contribuem também para o
desenvolvimento de um certo sentimento de superioridade, muitas vezes não
assumido, por parte de várias pessoas brancas com relação a outros grupos
raciais. A branquitude faz com que muitos entendam como “natural” a
desigualdade entre pessoas de diferentes pertencimentos raciais.”
(Indicadores de Qualidade na Educação – Relações Raciais na Escola – Pág. 75, Ação Educativa)
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Elvis Presley, um exemplo de como funciona o que chamamos de Apropriação Cultural: os negros criam um estilo musical mas são os brancos que mais faturam com isso. |
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Eminem: Deus do Rap? |
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A Revista Marie Claire já teve em suas capas e edições mulheres de etnias diversas mas o "padrão" continua sendo europeu. |
5. O que é Negritude?
Historicamente, a Negritude foi apresentada como um movimento político-literário encabeçado pelo senegalês Leopold Senghor e o francês Aimé Césaire, em conjunto com outros estudantes negros. Este movimento pretendia resgatar o valor do negro em termos culturais, artísticos e políticos, combatendo o racismo e o colonialismo. Em se tratando do processo histórico conhecido como Descolonização Africana, Negritude e Pan Africanismo foram como espada e bainha. Ao longo do século XX e ainda no século XXI, é uma corrente política e filosófica que tem ganhado força tanto nos EUA como no Brasil.
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Aimé Cesaire |
Sou contra a estratificação da sociedade em superior-inferior, branco-negro, que faz do branco um eterno professor e do negro um eterno aluno (e um mau aluno, além do mais).Sou contra a arrogância intelectual dos brancos que faz com que acreditem que a liderança branca é uma condição sine qua non (do latim, “sem a/o qual não pode ser”) neste país, e que os brancos têm um mandato divino pra imporem seu ritmo ao progresso.
Sou contra o fato de que uma minoria de colonizadores imponha todo um sistema de valores ao povo nativo.
Fragmento de "Escrevo o que eu quero", cuja edição brasileira foi apresentada por Benedita da Silva. Trata-se uma compilação com escritos importantíssimos do ativista político Steve Biko, preso e torturado até morte pela polícia racista sul-africana em 1977.
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Steve Biko |
Historicamente, tem sido assim em sociedades que vivenciaram o escravismo colonial moderno, como o caso brasileiro. Ver negros, indígenas, "não-brancos" ocupando espaços que lhes têm sido negado - apesar de, ideologicamente, estabelecidos (ref. Norbert Elias - Os Estabelecidos e Outsiders) afirmarem que "as oportunidades são iguais a todos" - causa incômodo. Incômodo, inveja, histeria, espanto ódio. Subjetivamente, as reações são das mais variadas.
6. O que é Black Power?
Ao contrário do que se se afirma no senso comum, Black Power não se trata de cabelo crespo e grande, natural. Black Power é um termo cunhado por Stokely Carmichael (Kwame Turé) e explicado no livro Black Power: The Politics of Liberation, de 1968
Ao contrário do que se se afirma no senso comum, Black Power não se trata de cabelo crespo e grande, natural. Black Power é um termo cunhado por Stokely Carmichael (Kwame Turé) e explicado no livro Black Power: The Politics of Liberation, de 1968
É um chamado para os negros neste país para unirem-se, a reconhecerem a sua herança, para construir um senso de comunidade. É um chamado para os negros para definir seus próprios objetivos, para conduzirem suas próprias organizações.
Apropriação Cultural
https://afrodelia.wordpress.com/2015/01/07/i-woke-up-like-this-os-mecanismos-do-racismo-na-musica/
http://www.geledes.org.br/tag/apropriacao-cultural/
http://www.revistacapitolina.com.br/o-que-e-apropriacao-cultural/
http://azmina.com.br/2016/04/apropriacao-cultural-e-um-problema-do-sistema-nao-de-individuos/
http://blogueirasnegras.org/2013/11/27/tirem-maos-simbolos-luta/
http://ovelhamag.com/apropriacao-cultural/
Racismo Institucional
http://racismoinstitucional.geledes.org.br/
http://www.leiaja.com/carreiras/2014/03/12/racismo-institucional-preconceito-que-desmotiva/
Racismo Estrutural
http://www.geledes.org.br/tag/racismo-estrutural/#gs.i5604wE
http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,racismo-e-estrutural-e-institucionalizado-no-brasil-diz-a-onu,1559036
http://blogueirasnegras.org/tag/racismo-estrutural/
Pan Africanismo
http://panafricanismodeba.wixsite.com/ufabc/pan-africanistas
http://brasilescola.uol.com.br/geografia/panafricanismo.htm
http://www.educacional.com.br/reportagens/africa/parte-04.asp
Afrocentricidade
http://www.asante.net/articles/1/afrocentricity/
https://afrocentricidade.files.wordpress.com/2016/04/afrocentricidade-uma-abordagem-epistemolc3b3gica-inovadora-sankofa-4.pdf
http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/01112010_02.pdf
https://pt.scribd.com/doc/157587462/Introducao-a-afrocentricidade
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